segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O joelho II

Passei a me valer de uma bengala, para ajudar no equilíbrio, o que foi útil por algum tempo. Entretanto a bengala trouxe alguns inconvenientes.
Tendo uma das mãos ocupadas por ela, tornou-se difícil carregar compras de supermercado. Este problema foi contornado com a utilização de uma mochila, onde eu passei a carregar as compras.
Uma outra desvantagem da bengala de madeira que eu utilizava, era que quando eu saia de bicicleta, tinha que prender a bengala com tiras de velcro no quadro. Algumas vezes passei o susto de ver a bengala soltar-se dos velcros, pela trepidação do terreno e "quase" trancar o pneu traseiro da bicicleta. Tinha que pedalar com muita atenção e olhando frequentemente para as tiras de velcro. Este outro problema foi resolvido com a compra de uma bengala desmontável, do tipo que deficientes visuais usam. Desmontada, a bengala podia ser facilmente carregada na mochila.
No entanto o maior problema era o equilíbrio.
Quando caminhamos, nos apoiamos sobre duas pernas, quando as pernas perdem súbita e inesperadamente a capacidade de sustentar o corpo, o ponto de apoio único oferecido pela bengala, por vezes não é suficiente, de maneira que dependendo da situação, eu continuava caindo.
Passei então a usar um andador, com quatro pontos de apoio ao invés de um único. O andador, por sua vez, tinha a desvantagem de ocupar as duas mãos. A mochila tornou-se desta maneira, minha grande companheira. O andador foi muito funcional nessa fase, mas ainda assim muito lento para caminhar, entretanto sua grande vantagem era de sustentar meu corpo.
Parei de cair, ao menos quando utilizava o andador.
O joelho sempre inchado, não me permitia grandes esforços na bicicleta, a não ser curtas viagens entre o bairro onde morava, Vila Fany e o centro da cidade, pouco mais de vinte quilômetros.
Eu tinha que dar um jeito no joelho.
Desde que comecei a pedalar, descobri na bicicleta uma grande companheira. Fazia bem estar sobre ela, pedalando e vivendo aquele momento único, sem mais nada na cabeça, a não ser o ritmo compassado dos pedais. Além disso, havia um desafio proposto pelo meu irmão Paulo Pegorini, de vencer um desafio entre Curitiba e Shangrilá no Rio Grande do Sul. Seriam cerca de setecentos quilômetros por estradas não pavimentadas, cruzando parte do sul do Paraná, Santa Catarina e finalizando no litoral do Rio Grande do Sul.
(continua)

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