Chegamos de Curitiba ontem à noite. Fomos levar nosso amor ao meu querido amigo Vitor Pereira Aires. Sua companheira de vida Dona Guiomar, foi atingida por um ônibus enquanto pedalava pela Rodovia Alexandra Matinhos. O motorista do ônibus jogou pelo que se sabe, o seu veiculo sobre ela. Segundo ele mesmo, por não ter outra alternativa.
Como
é possível um motorista de ônibus “ter que abalroar” um
ciclista por não ter outra alternativa naquele momento? Esse
motorista teria que ter, em qualquer situação uma única
alternativa, preservar vidas... Preservar a vida de uma ciclista que
aprendeu a pedalar, com um grande campeão do ciclismo - Vitor.
Dona
Guiomar aprendeu a pedalar depois dos sessenta anos para
acompanhá-lo. Eles eram inseparáveis...
Dona
Guiomar se foi do nosso convívio... Deixou um enorme buraco nos
nossos corações... Deixou a vida no seu melhor momento, no momento
em que o amor encontrou seu eco no coração do Vitor. Juntos
viajavam, pedalavam, recebiam amigos com sua simplicidade natural e
com muito carinho sempre. O dois eram como se fossem um...
Encontrei duas únicas notícias completamente truncadas na internet de dois órgãos diferentes, aliás um deles simplesmente copiou a notícia truncada do outro. Não se sabe o nome do motorista, não se sabe o nome da empresa proprietária do ônibus, não se sabe se foi feito o teste de dosagem alcoólica no motorista. Afinal, nada se sabe pela notícia veiculada.
Este
fato, também mostra o desrespeito com os ciclistas. Fica mais uma
vez a sensação irritante provocada pelo senso comum – “quem
anda de bicicleta é pobre e se é pobre pode atropelar porque não
acontece nada”... Somos parte da estatística? Queremos ser? Eu
não! Por isso estou escrevendo minha revolta neste artigo, para
acordarmos de uma vez por todas...
Até
quando esses motoristas assassinos vão ficar impunes? Até quando
vamos tolerar pacificamente esse tipo de assassinato? Eu considero
quem tira a vida de alguém, por não ter outra opção no momento,
um assassino.
O
motorista do ônibus cometeu um crime, usando sua arma – um
ônibus... Poderia ser uma pistola, ou uma faca, o crime seria o
mesmo – assassinato.
Até
quando as autoridades do trânsito serão coniventes com estes
assassinos? Coniventes sim! Para mim é conivente, quem fiscaliza o
trânsito das cidades e rodovias e não tem rigor na aplicação da
lei! O motorista do ônibus tirou uma vida, isso é crime! A Polícia
Rodoviária Estadual o que fez? Prendeu o motorista em flagrante pelo
crime cometido?
E
se Dona Guiomar fosse a mãe do motorista? Será que ele não teria
outra alternativa, a não ser matá-la? E se Dona Guiomar fosse a sua
mãe? Você deixaria por isso mesmo? Usaria a velha e desbotada
desculpa – que nada a traria de volta?
Curitiba
tem hoje vários grupos de ciclistas organizados de diferentes
regiões da cidade. Tem também a expressão de grupos de ciclo
ativismo como a Ciclo Iguaçu e a Bicicletada. Proponho o início de
um movimento imediatamente para pararmos definitivamente com esse
tipo de ocorrência. Amanhã poderá ser você, ou alguém que você
ama, tanto quanto Vitor amava Guiomar. O que você vai fazer a
respeito?
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