segunda-feira, 21 de outubro de 2013

... e Dona Guiomar se foi ...



Chegamos de Curitiba ontem à noite. Fomos levar nosso amor ao meu querido amigo Vitor Pereira Aires. Sua companheira de vida Dona Guiomar, foi atingida por um ônibus enquanto pedalava pela Rodovia Alexandra Matinhos. O motorista do ônibus jogou pelo que se sabe, o seu veiculo sobre ela. Segundo ele mesmo, por não ter outra alternativa.

Como é possível um motorista de ônibus “ter que abalroar” um ciclista por não ter outra alternativa naquele momento? Esse motorista teria que ter, em qualquer situação uma única alternativa, preservar vidas... Preservar a vida de uma ciclista que aprendeu a pedalar, com um grande campeão do ciclismo - Vitor.

Dona Guiomar aprendeu a pedalar depois dos sessenta anos para acompanhá-lo. Eles eram inseparáveis...

Dona Guiomar se foi do nosso convívio... Deixou um enorme buraco nos nossos corações... Deixou a vida no seu melhor momento, no momento em que o amor encontrou seu eco no coração do Vitor. Juntos viajavam, pedalavam, recebiam amigos com sua simplicidade natural e com muito carinho sempre. O dois eram como se fossem um...

Encontrei duas únicas notícias completamente truncadas na internet de dois órgãos diferentes, aliás um deles simplesmente copiou a notícia truncada do outro. Não se sabe o nome do motorista, não se sabe o nome da empresa proprietária do ônibus, não se sabe se foi feito o teste de dosagem alcoólica no motorista. Afinal, nada se sabe pela notícia veiculada.

Este fato, também mostra o desrespeito com os ciclistas. Fica mais uma vez a sensação irritante provocada pelo senso comum – “quem anda de bicicleta é pobre e se é pobre pode atropelar porque não acontece nada”... Somos parte da estatística? Queremos ser? Eu não! Por isso estou escrevendo minha revolta neste artigo, para acordarmos de uma vez por todas...

Até quando esses motoristas assassinos vão ficar impunes? Até quando vamos tolerar pacificamente esse tipo de assassinato? Eu considero quem tira a vida de alguém, por não ter outra opção no momento, um assassino.

O motorista do ônibus cometeu um crime, usando sua arma – um ônibus... Poderia ser uma pistola, ou uma faca, o crime seria o mesmo – assassinato.

Até quando as autoridades do trânsito serão coniventes com estes assassinos? Coniventes sim! Para mim é conivente, quem fiscaliza o trânsito das cidades e rodovias e não tem rigor na aplicação da lei! O motorista do ônibus tirou uma vida, isso é crime! A Polícia Rodoviária Estadual o que fez? Prendeu o motorista em flagrante pelo crime cometido?

E se Dona Guiomar fosse a mãe do motorista? Será que ele não teria outra alternativa, a não ser matá-la? E se Dona Guiomar fosse a sua mãe? Você deixaria por isso mesmo? Usaria a velha e desbotada desculpa – que nada a traria de volta?


Curitiba tem hoje vários grupos de ciclistas organizados de diferentes regiões da cidade. Tem também a expressão de grupos de ciclo ativismo como a Ciclo Iguaçu e a Bicicletada. Proponho o início de um movimento imediatamente para pararmos definitivamente com esse tipo de ocorrência. Amanhã poderá ser você, ou alguém que você ama, tanto quanto Vitor amava Guiomar. O que você vai fazer a respeito?

Nenhum comentário:

Postar um comentário