domingo, 31 de outubro de 2010

Cem Postagens!

Retirei a postagem anterior porque finalmente passou... Tudo passa... Achei melhor assim...

Afinal é a postagem numero 100! Um pequeno marco para esse aprendiz da vida e seu blog.

Cem vezes expressei minhas emoções, angustias e alegrias. Hoje comecei uma nova fase em minha vida. Esperanças... Expectativas... O que virá adiante?

Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece... Nem antes e nem depois...

Paz a todos!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Siga o Salomão

http://osalomao.blogspot.com/

terça-feira, 5 de outubro de 2010

CONTINUAÇÃO...

Pois é, dois dias para sair e o tal mala do Xani ainda não tinha conseguido a tal bicicleta da prima "para não me deixar na mão".
Estava começando a me animar e pensar que faria a viagem só, alías como deveria ter sido.
Porém... Sempre existe um porém...
Telefone tocou e um frio percorreu minha espinha... Já sabe não é? Xani!
- Oi amigão! Resolvi meu problema de bicicleta para não deixá-lo só na estrada! Disse a mala. Desanimado de novo, disparei:
- Ah é?
- Sim, sim! Vou com a Caloi dobravel do seu irmão! (ai, ai, ai...)
Quem é mais novo e não se lembra das Caloi dobráveis, aliás um enorme sucesso de vendas no ramo de bicicletas, não pode imaginar o que é uma dessas. Eu explico melhor.
A Caloi Berlineta, era um modelo de bicicleta dobrável, através de um parafuso no centro do quadro. Era uma  bicicleta de lazer, para crianças brincarem pedalando distâncias realmente curtas. Seus aros 20', não permitiam pedalar distâncias maiores sem muito sacrifício. Além disso, a Berlineta do meu irmão erra inspirada na moto de Peter Fonda no filme "Easy Rider". Era uma chopper, com o garfo de aro 26' e ainda por cima alongado.
O Xani sentado naquela bicicletinha com seus 1,90m de altura, parecia o que... Parecia mesmo o Xani sentado na bicicletinha... Alguma coisa sem comparação, sem descrição... Mas muito gozado mesmo!
Não tive como negar, mas devia ter negado!
Chegou o grande dia. Meus pais estavam na praia, onde passavam o verão todo. Era começo de dezembro, e a molecada da vizinhança já tinha se mudado lá para casa, como acontecia todo final de ano.
A casa se transformava assim em uma espécie de paraíso juvenil, onde quase tudo era  permitido. Não tinhamos os olhos do "Seo Coelho" para nos recriminar.
Turma toda reunida para o bota fora, na frente de casa. Conferi meus apetrechos de viagem... Tudo em ordem! O 3 em 1 continuava firme no guidão... Achei que era suficiente e fomos...
Saimos lentamente. E não tinha outro jeito, com aquele pequeno coquetel molotof que o Xani pedalava.
A primeira impressão de que o meu planejamento tinha sido "ligeiramente" mal feito, veio quando a partir de Piraquara, a pouco mais de 20 quilômetros de Curitiba , o 3 em 1 já não pegava rádio nenhuma e mais, a lanterna já não funcionava tão bem como devia. O rádio ligado tinha sugado as pilhas, de forma que a lampada, mais parecia um pitanga dentro da lanterna...
E a bandida da Serra do Mar? Onde está essa bandida que não chega nunca?
Quase 4 da manhã e nada de chegar na serra. A minha bicicleta rendia bem, mas tinha a obrigação de esperar a mala, que quase não saía do lugar, com aquela bombinha de duas rodas.
Finalmente a serra, a tão aguardada serra! Um poquinho atrasados, é verdade, mas dadas as condições da viagem, até que estava razoável. Eram 7 da manhã quando avistamos a descida da serra. Tinhamos feito a vertiginosa média horária de 7 quilômetros por hora até então. Francamente!
Foi então que percebemos os danos causados aos aros da bicicleta do meu irmão, quando ela foi uma moto de motocross, antes de virar choper. A danada pulava mais que pulga em lombo de guapeca. Impossivel imprimir velocidade, mesmo na descida da serra, onde nem pedalar é preciso.
Cansei! Me deu no saco aquilo. Parti em grande estilo rumo ao final da descida. Aquilo sim era bicicleta! Imagine só, 5 marchas, era o máximo!
Cheguei la embaixo próximo das 8 horas e comecei a esperar o baú sem alças.
Foi rápido! As 10 horas vi aquela coisa emburrada se aproximando. Pensei comigo, %$@#@##$%¨, ainda por cima emburrado.
A coisa chegou a um ponto que não nos falávamos mais...
Entramos na estrada das praias e arrisquei:
- Será que não é melhor irmos pela areia?
Ele fez que sim com a cabeça, já que seu "bico" era enorme. Andamos um pouco e vimos que não tinha sido uma boa idéia. Aí veio a bomba!

"PORRA COELHO VIADO!!! VOCÊ ME PÕE EM CADA UMA QUE VOU TE CONTAR HEIM?"

Euuuuuuuuuuuuuuuuuuu??????????????????? Aquilo tinha ido longe demais...
Parei a bicicleta, larguei ela no chão e descasquei o Xani, falei o que ele nunca pensou ouvir na vida.
Assim seguimos os dois bicudos até qeu finalmente as 15h30 chegamos em Guaratuba. Fantástica média horária!
Para completar, a empresa de ônibus não aceitava bicicletasno bagageiro. O que fazer?
O Xani falou:
Vou te tirar dessa, apesar da sacanagem que você me fez! (???????????????)
Meu tio é bombeiro voluntário aqui em Guaratuba, vou pedir para ele despachar as bikes no caminhão do Corpo de Bombeiros de Curitiba que sobe toda segundad-feira, daí é só ir lá buscar. Sim, claro!
Para encurtar a história, as bicicletas chegaram no final de março, no fim da temporada de verão. Enferrujadas!
Obrigado Xani, amigão!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NÃO ESQUECE!

Existe a crença de que a primeira vez é inesquecível. Eu diria que essa é uma verdade parcial. Minha primeira viagem de bicicleta, se eu fosse considerar a experiência, jamais subiria em bicicletas de novo na vida.
Naqueles dias Mr. Parkinson era um ilustre desconhecido ainda e a minha cabeça cheia de música, garotas a conquistar e sonhos a realizar. Era um pequeno fedelho, pensando ser um grande fedelho.
De uma maneira extremamente sutil, apareceu na minha mente uma bicicleta de marchas. Era assim que eram conhecidas as bicicletas, na época em que nem as saudosas Caloi 10 existiam. As de marchas e as sem marchas.
Saí em busca do sonho da bicicleta de marchas. Achei e comprei com algumas economias que tinha.
Era um sonho! Uma Caloi Sprint de 5 marchas! Guidão olímpico, que logo foi substituido por um de speed, para deixá-la mais atrevida. Como era usada, ganhou uma bela pintura azul metálica, pintada pelas mãos hábeis do mecânico do Cicles Guarize, que inclusive tem a nossa doença. Um grande mecânico de bicicletas, além de grande figura humana. Ganhou também um comando de câmbios Campagnollo, daqueles ainda de fixar no quadro. Pneus e câmaras novas, e pedais de "barquinho" próprios para se colocar "pedaleiras".
Pronta a bicicleta, uma verdadeira belezinha, precisavamos, eu e ela, de uma "estréia" à altura.
Pensei muito no assunto, tendo inclusive comentado com amigos. De um deles, já não me recordo qual, saiu a idéia de ir para Guaratuba, no litoral do Paraná.
Achei que a viagem condizia com a importância da bicicleta e sem pensar mais comecei a planeja-la.
O primeiro passo foi levantar as necessidades. Imagine só quais eram as que passavam pela minha cabeça na época. Fui ao supermercado próximo de casa e encontrei um maravilhoso aparato para minha viagem. Um utilíssimo 3 em 1, composto de um rádio AM, lanterna e buzina, para adaptar no guidão da bicicleta. Comprei sem pensar mais. O preço era uma pechincha e a utilidade do 3 em 1, inquestionável. Como eu poderia viajar, sem ao menos um rádio AM? E como faria sem a utilíssima lanterna à noite? A buzina então, certamente dispensa qualquer justificativa. Ora uma buzina... É uma buzina, bolas! Era tudo o que eu precisava, afinal ninguém estava pensando em furar pneus e consequentemente, não havia necessidade de levar câmaras de reserva, nem mesmo chaves para tirar a roda da bicicleta... O que? Bomba de encher pneu? Para quê? Não acabei de dizer que não pretendia furar pneus? Ora...
A data escolhida foi uma sexta feira e a hora, meia noite. Claro! Estrada vazia, luz do luar... Certamente estaria em Guaratuba, no máximo, aí pelas 6 da manhã. Chegaria, tomaria um banho de mar e pegaria o "bumba" de volta para Curitiba.
Porém... Sempre há um porém... Cometi o deslize imperdoável de comentar com o Xani, uma mala sem alça, sem rodinhas, de papelão em dia de chuva. Daquelas malas duras de carregar mesmo! O Xani ficou encantado com a idéia, para o meu desgosto.
Percebi a besteira que estava fazendo, enquanto ainda contava os meus planos para ele. À medida que ia lhe contando, percebia um estranho brilho aumentando em seu olhar. Pressenti naquele olhar, a merda acontecendo, perdão, A MERDA ACONTECENDO! Com maiúsculas mesmo!
- Eu vou junto! Pô Coelho, você é meu chapa! E depois andar só na estrada, mesmo de madrugada, é complicado.. Ô Coelho... Disse a mala.
- Xani, não dá meu! Você nem bicicleta tem! Retruquei esperançoso e feliz por ter achado um argumento imbatível...
- Mas eu vou arranjar, Coelho. Nem que eu pegue a da minha prima. Não vou te deixar na mão, meu amigo, fique tranquilo! Voltou ele à carga.
(Me deixar na mão? Como assim? Me deixar na mão? Não podia acreditar nos meus ouvidos...)
Vi a minha viagem inaugural, afundar como o navio que tem o casco quebrado pela garrafa de champanhe, no momento de seu primeiro lançamento ao mar...

(continuo amanhã)

Intés

domingo, 3 de outubro de 2010

ME AND MR. PARKINSON

Tempo frio! Inverno completamente deslocado, chuva fina desde ontem e remédios difíceis de acertar a dosagem. Esse é o fim de semana apresentado a mim. Sem treinos...
Eu deveria ou poderia estar em parafuso, pensando como será pedalar os oitocentos e tantos quilômetros até o destino final São Paulo! Deveria mesmo!
Mas uma certeza me impede de "entrar em parafuso", a certeza de que o que move minha bicicleta, além dos remédios que me "soltam" as pernas, além da vontade de chegar, existe uma força a mais, que na verdade, em essência, é o que me move, AMOR é o nome dela. Essa fonte de energia inesgotável, contra a qual não existe força que se oponha.
Coloquei um coração nesse projeto, o meu coração.
Sou por natureza, intenso em tudo que faço, vou às últimas consequências sempre. Sou um apaixonado pela vida, por viver e por estar vivo!
Luto a boa luta, a luta justa, a certa, a luta dos que tem essa terrivel doença. Luto pelo seu bem estar, por lhes oferecer uma visão diferente da convivência com a doença.
Ao longo de 30 anos, errei, acertei, duvidei, acreditei, me adaptei e me readaptei e aprendi ao meu modo próprio, como entender e aceitar, como conviver e viver com Mr. Parkinson.
Tenho ele, Mr. Parkinson, como uma figura viva, efetivamente, um companheiro de jornada, até que a morte nos separe. Como já disse em um post anterior, é a relação mais estável que já tive na vida, um casamento que já passou a marca das bodas de prata, e está firme como nunca!
Estou de bem com a vida, deixo que o Mr. Parkinson aprenda sobre Roberto Coelho para em contra-partida, aprender mais sobre ele...

Bom dia!

sábado, 2 de outubro de 2010

Anestesia!

Anestesia é uma forma de calar a dor, no entanto a dor tem que se manifestar para que exista e consequentemente exista a anestesia para calar a dor.

O que é que move o Roberto Coelho a sair da sua casa, do conforto, para sair pela estrada, só, pedalando centenas de quilômetros, com chuva, vento contra, pneus furados, frio... O que leva esse camarada a fazer isso? Que estranha paixão por sua bicicleta e por seus pares de doença, que imensa força o impulsiona?

Há algum tempo atrás, dei uma entrevista a um canal de tv. Chegando lá, no estúdio o apresentador me disse:
- Ah sei você tem parkinson? 
E com cara de Robert de Niro, em filme de mafiosos, dispara "inteligente":
- É só comer papaia com semente! Não vê o nossso ex-papa?
Olhei para ele e recebi naquele exato momento, a confirmação da suspeita que já tinha há tempo, de que existe a necessidade de informação, para as pessoas sobre a nossa doença.
Simples como comer papaia com sementes e talvez mais efetivo, é tentar ampliar os seus limites físicos.
Simples como comer papaia com sementes e talvez mais efetivo, é aceitar a doença, mas ir além, ousar, usar e abusar da sua doença, no sentido mais positivo possível.
Simples como comer papaia com sementes e talvez mais efetivo, é saber que se é muito, muito especial aos olhos do Criador, a ponto de receber Mr Parkinson em seu corpo, por uma questão de ser melhor a cada dia. Sem queixas, sem dor, sem auto-piedade...
Isso é o que move o cara  lá de cima, o tal do Roberto Coelho