quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Novo ano

Aquela incomoda sensação de "fechado para balanço", já está pegando. Costumo me fechar para um balanço do que foi meu ano nos finais de dezembro.
Fecho esse ano de 2010, com um saldo positivo em relação a 2009, esse sim definitivamente um ano para ser apagado, deletado e formatado umas 3 vezes.
Esse ano de 2010 para mim, foi marcado por uma grande conquista - a viagem de bicicleta para Porto Alegre e o projeto "A vida lhe dá limões? Faça uma limonada!" Um projeto ousado e irreverente em relação à Doença de Parkinson e aos meus quase 31 anos de diagnóstico.
Infelizmente o apoio necessário para a viabilização e continuidade das viagens não foi o esperado, o que considero lamentável. 
Entretanto, continuo aqui, fermentando idéias, dentro do que me é possível fazer e pensar, com o firme propósito de levar minha experiência de convívio com a doença, a quantos me quiserem ouvir e saber como consegui, partindo do mesmo ponto inicial - o choque de ouvir o diagnóstico, fazer do parkinson uma espécie de companheiro para a vida toda.
Tenho o privilégio de não ter uma doença tão agressiva, no entanto, o tempo de relacionamento com Mr Parkinson, me põe em condições iguais, com aqueles que sofrem da doença de forma mais agressiva. 
Se existe alguma coisa que posso dizer a respeito de conviver bem com a doença, ou seja, o início de tudo é - aceitar que a doença está instalada. Isso é um fato! Não tem como fugir. Lutar contra é impossível e desnecessário, levando em conta que não existem ainda meios para eliminar a doença de seu corpo.
Outra coisa que posso dizer é - não alimentar falsas ilusões, ou seja, não acreditar que um "pai de santo" ou uma religião nova vai curá-lo. Passei por isso muitas vezes e tudo o que fiz com isso, foi acumular um monte de frustrações e desilusões.
Falo dessa experiência acumulada em 30 anos nas minhas palestras motivacionais, que não têm o formato de palestra, mas sim um bate-papo, onde conto a minha experiência pessoal.
Como dizia no começo do texto, o projeto foi o grande saldo positivo desse ano para mim. 
O resto... foi o resto...


Bom dia

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Receita de sopa de grão de bico!

Ingredientes:
1 pacote de grão de bico
1/2 tablete de manteiga
2 cebolas
2 folhas de louro
sal a gosto
1 maço de cheiro verde

Preparo
Ponha o grão de bico de molho numa vasilha com água. Espere pelo menos 3 horas para que fique bom para cozinhar. Antes de colocar na panela de pressão, retire a película que existe no grão de bico, uma espécie de casquinha. Um por um... Não reclame! Você pode aproveitar o tempo que está descascando o cereal e cantar "Hare Krishna, Hare Krishna, Hare Rama, Hare Hare..." Você estará ampliando sua capacidade espiritual, além de evitar uma diarréia homérica, que pode ser causada pelas casquinhas do grão de bico.
Ponha a bagaça na panela de pressão e esqueça por umas boas 2 horas. Calcule a quantidade de água 4 vezes maior do que a altura que o grão de bico ocupa na panela, ou seja (g x h)= 4g, onde "g" é o grão de bico e "h" é a altura do volume ocupado por "g", ou seja, entendeu? Não? Nem eu... Mas não importa.
Mande alguém que não chora faz tempo em sua casa, cuidar das cebolas. Depile-as, não com cera, naturalmente, e corte-as em círculos transversais ao epicentro cebolar. Isso feito, tome novamente os círculos transversais e agora corte-os no sentido longitudinal. Você deve obter figuras cebolares que formam um arco de circunferência e no outro lado, um ângulo de 90 graus. Se não conseguir essa figura geométrica, não faz a menor diferença.
À parte ponha a manteiga em uma frigideira para derreter. Não a frigideira, mas a manteiga. Pegue os arcos cebolares, após a manteiga ter derretido e pinche-os  na frigideira até ficarem dourados.
Nesse meio tempo ponha as folhas de louro na panela de pressão. Aproveite para testar o coeficiente de dureza do GB (grão de bico). Se der para morder e cortar, já está quase. Se quebrar seu dente é porque precisa cozinhar um pouco mais.
Muito bem! Misture a massa cebolar proveniente da frigideira com o GB na panela de pressão. Se preferir uma sopa mais cremosa, amasse alguns exemplares de GB, o que vai causar o famoso "efeito maisena" na sopa, engrossando-a.
Tire da panela de pressão, salpique o cheiro verde na sopeira em cima e embaixo da sopa (não me pergunte como se salpica embaixo).
Sirva com queijo parmezão ralado.

Bom apetite!


Ps. Só acrescente o sal, depois que o GB não quebrar mais nenhum de seus dentes, caso contrário, você continuará quebrando seus dentes.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Cicloviagem I

Saio ansiosissimo em vez das 22 horas programadas, às 19h45. A sensação de estar só na estrada, à noite, me fascina, por isso não consegui conter a ansiedade.
Movimento grande até por volta de meia noite e meia. Uma das primeiras surpresas foi a necessidade de mais luz, o velho farolete Cateye, embora eficiente, deixou a iluminação a desejar.
Depois da uma da manhã, o movimento de carros e caminhões praticamente acabou e a descida da serra, está poucos quilômetros à minha frente.
À noite todos os gatos são pardos, mas também o são gambás e raposas que vez por outra eram vistos à beira da rodovia.
Por volta das 2h30 começo a descer a serra, sózinho. Tão só, que invado a estrada e desço fazendo zigue-zague, como um moleque, ocupando as 3 pistas.
A sensação de estar só, é agradável e ao mesmo tempo assustadora, pois se alguma coisa acontece, não tenho a quem recorrer, mas sonho é sonho...
Por volta das 4 da madrugada, já adiante de Garuva, vejo uma cena insólita. Um caminhante com seus pertences nas costas, em passo firme e decidido, rumo a sabe-se lá onde.
Começo a refletir sobre aquela figura. O que o deve ter levado a caminhar na véspera de Natal daquela maneira? Não me parecia alguém indo trabalhar...
Por um momento me sinto como ele, também um caminhante da vida, a diferença é que, o que me conduz é a bicicleta.
A viagem rende bem, apesar dos alforges pesados. O cansaço ainda não bateu e sigo com o Mp3 Player estourando no volume. O menu musical é trance. Com a batida forte e ritmada, sigo golpeando os pedais, engolindo os quilômetros...
O movimento recomeça na estrada e decido parar para um café, quando furo o primeiro pneu. Escuro ainda, tombo a bicicleta de rodas para cima e começo a tarefa de substituir a câmara. Sinto alguns pingos de chuva e não ligo. Já estava com a roupa úmida com a cerração e a fina garôa da madrugada. Conserto feito, trato de achar um lugar para o café. O conserto durou pouco pois 50 metros à frente o pneu estava murcho novamente. Foi aí que a chuva engrossou mesmo. Busco abrigo mas não acho nada ao redor. Puxo a jaqueta de nylon por cima da cabeça e faço a substituição da câmara novamente. Encho bem o pneu com medo de novas surpresas. Agora sim!
Paro em um posto adiante um pouco de Joinvile e tomo um café expresso muito bom. Desperto a curiosidade de alguns que puxam conversa, querendo saber detalhes como, de onde venho e para onde estou indo...
Pé no clipe e vamos lá o último tiro com cerca de 100 km ainda por vencer, se continuar a boa média que tenho feito calculo que estarei em Bombinhas por volta de meio dia.
Tenho feito 22 km/h de média, mas o objetivo era 25 km/h. Um pouco pretencioso para minha condição física, mas acho que no geral, vou bem. Me hidrato com glico-dry misturado na água das garrafinhas e tomo um sache de glico-gel a cada uma hora, as cápsulas de BCAA, o aminoácido, fazem o resto do trabalho.
Concentradíssimo na batida da música e tentando "arredondar" a pedalada, tanto quanto possível no mesmo ritmo, sigo adiante. Já são mais de 12 horas na estrada e por volta de 9h30 passo por Camboriu.
O sol forte me pede uma parada para passar filtro solar. Penso em uma paradinha para descansar, mas desisto. Quero chegar logo. Estou cansado e surpreso com o desempenho que tive até aqui.
Entro em Porto Belo e o movimento é intenso. O frenesi natalino! Chego a Bombinhas por volta do meio dia, com sol a pino. Meio morto e meio vivo. Vou tomar um banho e dormir à tarde.


Boa tarde!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Eba! Cicloviagem!

Saio hoje por volta de 22 horas para realizar um sonho de viajar só com minha bike, à noite . O destino é Bombinhas SC.
São 264 km de uma velha conhecida minha, a BR 376/101.
Vou ver se consigo uma média em torno de 25 km/h, para chegar na manhã do dia 24 e poder descansar para logo à noite.
Devo voltar no máximo dia 26, com a possibilidade de fazer alguma quilometragem extra, se encontrar meu ex-vizinho Daniel, que deverá passar o Natal em uma pousada na região de Pirabeiraba, próximo de Joinvile.
Nesse caso, volto pedalando de Bombinhas até Pirabeiraba e pego o "bumba" da Catarinense em Garuva. Gostaria muito de fazer isso.
Caros amigos do parkinsolimonada, o ano se foi, marcado pela viagem para Porto Alegre, parte desse projeto, que ainda não parou. 
Continuo aguardando a consciência de empresários e pessoas que possam compreender a importância do meu esforço em ir visitar associações de parkinsonianos, com minha bicicleta, cobrindo grandes distâncias, com uma finalidade única - levar uma mensagem de otimismo aos meus pares que sofrem da Doença de Parkinson.
Um grande abraço a todos. 
Feliz Natal!


Roberto Coelho

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Bate o sino pequenino!

O cavaleiro da estranha figura devia ser Papai Noel, não Don Quixote! Concordo que Quixote era estranho, mas figura mesmo é o Papai Noel.
Primeiro, ele é gordo. Não quero dizer que os gordos são estranhos, mas gordo vestido de vermelho e detalhes brancos nas mangas e gola? Com desconto e tudo, no mínimo ridículo!
Ser gordo simboliza opulência, prosperidade, essa é uma realidade muito distante dos brasileiros.
Proponho uma reforma papainoélica! Já!



Como seria o Papai Noel no Brasil, o autêntico, o brazuca?
Acho que não se chamaria "papai", talvez "mano", mas não papai. Noel também não serviria. Teria que se chamar Mano Zé.
Já temos o nome!


Como seria o biotipo do nosso Mano Zé?
Magro, esquálido mesmo... Cor da pele? Pardo... Altura? 1,65m...


O que vestiria o nosso Mano Zé?
Havaianas, bermuda jeans, camiseta do Corinthians e um chapéuzinho              daqueles pequenos, de motorista de caminhão...


Qual a função especial destinada ao Mano Zé todo ano em dezembro?
Ir ao Paraguai e trazer muamba para distribuir na favela.


Qual a principal vantagem do Mano Zé em relação ao seu "similar" Papai Noel?
Seu filho jamais choraria ao sentar no colo do Mano Zé. Com certeza ele já deve te-lo visto milhares de vezes. Há milhares de Manos Zés por ai. 


Os Manos Zés são reais, não lenda.

Pela nacionalização do Natal no Brazil!!!!



Queremos Mano Zé!


Boas balada, truta!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Taj Mahal & The Hula Blues Band

Taj Mahal é o meu presente de natal para os meus leitores. A magnifica The Calypsonians, interpretada com a alma de Taj Mahal, iluminará seus corações neste este fim de ano.


http://www.youtube.com/watch?v=2VG_NjYlZ0U

Os frenéticos

O frenesi já começou!
Parece uma onda que varre o planeta, todo ano em dezembro. Tudo fica "em estado de catalepsia" até depois do carnaval, quando voltamos à realidade.
Nesse período, milhões de veranistas descerão a serra em direção às praias e enfrentarão engarrafamentos ainda piores do que os do ano anterior, visto que não se melhora as condições das estradas. Alguns deles morrerão afogados, e outros brigarão ao chegar em casa "tocados" além da conta. 
Boa parte das esposas cujos maridos trabalham durante a semana e só aparecem nos finais de semana, estarão com a pulga atrás da orelha a respeito da conduta dos parceiros, na ausência delas. Por sua vez os maridos, os infiéis, tratarão de não deixar pistas, ou qualquer indício de sua conduta errada.
Os rodízios de pizza proliferarão esse ano no litoral, já que as vacas andam magras para rodízios de frutos do mar. Alguns casamentos serão desfeitos, mas em compensação, grandes amores irão florescer nos corações da molecada... Amores de verão... Alguns pais se decepcionarão ao encontrar uma ponta de baseado no bolso da calça do filho e o filho por sua vez terá de explicar o fato.
Alguns carros deverão ferver o motor ao subir a serra e destes uma minoria terá que ser guinchada, por causa do motor fundido. Uma parte da população flutuante do litoral, certamente fará empréstimos para saldar as dívidas de presentes exagerados de natal. Alguns motociclistas morrerão de acidente por imprudência e outros ficarão no gesso, agradecendo aos seus anjos da guarda por não terem permitido sua prematura ida desse mundo. Pescadores de final de semana ficarão à deriva no mar por não saberem nada de marinheiragem.
Alguns sirís escaparão de serem pisoteados e outros irão se divertir "beliscando" banhistas incautos. A densidade de urina no mar aumentará sensivelmente, bem como os casos de bicho de pé (no bom sentido é claro, falo aqui do parasita que vive na areia). As farmácias no litoral venderão filtros solares a preços ainda mais extorsivos e conseguir um "six-pack" de cerveja no supermercado, será uma aventura digna de Indiana Jones.... Você quer cerveja gelada? Diz o atendente com desdém... Esqueça! As madames com seus galgos anti-sépticos, continuarão circulando com eles pela orla, afinal o cocô deles é absolutamente composto por ração da melhor qualidade, portanto pode pisar! Aquele vizinho da barraca ao lado, com certeza chegará do mar  respingando água em todos, e ao se recolher para casa, vai empanar a vizinhança com areia sacodida de sua toalha com a cara do Mickey. Crianças ranhentas virão chorando e perguntando onde estão suas mães.
Inesperadamente surgirá uma horda de Saveiros rebaixadas, com rodas enormes, tocando uma multiplicidade de músicas incompreeensíveis, simultaneamente e a todo volume. Elas, as Saveiros e outros veículos  de motoristas de final de semana, entupirão todos os caminhos, estradas, vielas, becos e similares, tornando o deslocamento motorizado uma via crucis.
A quantidade de pessoas vermelhas, por causa da tentativa de "pegar um bronze" em um único dia, terá aumentado significativamente, acompanhando o crescimento da população mundial. Chepas de cigarros acesas abandonadas na areia  farão pequenas bolhas na sola dos pés de algumas pessoas
Sim, o ambulante vai empurrar um monte de coisas, entre elas, óculos Mormai legítimos, redes, colchas, kangas, pipas, bikinis, baton, cigarros de cravo para defumar a praia toda e outras inutilidades úteis. O carro do churro passará tocando aquela música fúnebre e oferecendo o cheiro nauseabundo de óleo do ano passado que infesta a praia toda.
O peixe terá o mesmo sabor caro do ano passado, um pouquinho mais temperado. Alugueis pela hora da morte, nem pensar... O camping? Com aqueles pagodeiros bêbados? Na, na, na...
Pão de padaria? Tem que madrugar se quiser, porque os do supermercado em 2 horas são uma massa de latex.
Como vêm os leitores, o frenesi começou...


Boa temporada!

domingo, 19 de dezembro de 2010

A paixão

Alguns tubos de alumínio,molas, parafusos e porcas, borracha, alguma coisa de plástico e varetas de aço. Esse é basicamente o material empregado na construção de uma bicicleta. Uma incrível espécie de mágica acontece com essas peças todas organizadas e unidas umas às outras. Não estou me referindo à coisa física, ao objeto chamado "bicicleta". Posso ir além do objeto, tamanha é a minha gratidão por esse amontoado de peças.
Lembro-me ainda da primeira - uma Monark Centrum feminina, com freio contra-pedal, pesada e resistente, comprada da filha de um vizinho por meu pai, como prêmio por ter passado do segundo para o terceiro ano primário.
A velha Centrum me trouxe as primeiras pequenas alegrias e os primeiros ralados nos joelhos...
Depois veio a Caloi 66, belíssima, zero km... A Caloi Sprint de 5 marchas... Algum tempo afastado das bicicletas, até que os primeiros sintomas da doença, muitos anos mais tarde, me fizeram partir para uma Monark Barra Circular para ir trabalhar.
A grande paixão no entanto, foi inflamada por uma Fischer que fez a minha iniciação definitiva no cicloturismo. Daí em diante nunca mais parei.
GT, GTS, Pro Shock, Specialized, enfim foram tantas e tão coloridas, tão apaixonantes, me trouxeram tantas coisas boas e me levaram a tantos lugares com tantos amigos...
Viagens inesquecíveis, lugares secretos impossíveis de ir com outro meio de transporte...
Tudo isso junto, sou eu, o Roberto Coelho, um cara apaixonado por bicicletas, pelo muito que fizeram por mim.


Bom domingo

sábado, 18 de dezembro de 2010

Cairam os butiá do bolso!

Nem sempre a vida é feita de vitórias, por exemplo hoje não deu para chegar. Saimos cedo, no horário combinado, seis da manhã.
O Paulo hoje estava impossível, furou 3 câmaras. Uma já na saída, perto do posto do Mercadorama no Jardim das Américas. Mas o mais incrível, o improvável, o absolutamente inacreditável, o jamais visto por esses meus olhos que já viram pneus furar nas mais diversas condições, foi o que vi. Hoje realmente fiquei pensando na possibilidade do Paulo ter recebido um Caboclo Furadô de Pneu, EH-EH. O cara furou um pneu parado. É sim! Podem em chamar de mentiroso, EU VÍ! O Mário é minha testemunha!
No meio da descida do Anhaia demos uma paradinha básica, para tirar água dos cotovelos, joelhos e afins e também, embora o IBAMA não admita, para alimentar os borrachudos, coitadinhos. Os borrachudos estão ali, não pediram para nascer, sabe como é, quase não passa ninguém, então durante a parada aproveitamos para alimentá-los. Eis que, não mais que de repente, aquele barulho já muito conhecido do Paulo, se ouve no ar. O tradicional pffffffffffffffffffff! Notem que até mesmo, a digamos assim, onomatopéia do pneu furado tem a ver com o fato. Observem só P de pneu e F de furado, PFFF. Curioso  não acha?
Agora pensando melhor, talvez exista também alguma relação oculta entre borrachudos e pneus furados, entende? Borrachudo ---> borracha da câmara... Mas isso é outro papo...
O fato é que novas experiências foram acrescentadas hoje ao meu extenso currículo de bicicleteiro.
São Pedalino que nos defenda, mas alguma coisa havia. Depois que descemos o Anhaia, comecei a ficar com menos marchas na minha bike. Pensei que pudesse ser uma espécie de "inflação cambial", as marchas ficando cada vez mais escassas, devido a um cabo de aço extremamente liso, que embora eu tivesse apertado "até sair água", não aguentou e começou a escorregar no parafuso de ajuste de tensão do cambio. O resultado é que a tensão do cabo diminuiu e com ela as marchas também foram minguando, até que fiquei com míseros 22 X 11. Fato que aumentou a MINHA TENSÂO!
Noves fora zero parei minha viagem em Morretes, suando como se deve. Acabado, morto, pernas moles e tals...
Ai descobrí que os empresários das empresas de ônibus, realmente não se preocupam com seus clientes eventuais, nem com o meio ambiente e só querem extorquir. O que acabo de escrever vale para a Viação Graciosa, para a GOL Linhas Aéreas e para a ALL, América Latina Logística, que explora a ferrovia Curitiba/Paranaguá.
Imaginem vocês que como passageiro, tenho direito a bagagem, mas bicicleta para a Viação Graciosa, não é bagagem - é bicicleta. Por ser bicicleta, portanto coisa de pobre, tem que pagar mais caro do que a passagem do passageiro propriamente dito. Eu explico:
Você paga R$ 13,50, para vir de Morretes sem bicicleta. Mas se quiser trazer a malfadonha, paga R$ 28,00, isso mesmo, R$ 14,50 pela bike.
Seria mais simpático, colocar um reboque de bicicletas na bunda do ônibus para incentivar o cicloturismo local, pombas!
O resto da história está no blog de Sâo Pegorini voudepeta.blogspot.com.
Não posso falar do que não vi!


Beijundas

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

De cair os butiá do bolso!!!

Amanhã, sábado, começo cedo na dureza! Eu, o missionário P. Pegorini e o Bispo M. Valério, da Igreja Universal do Pedivela Quadrado, estaremos nos deslocando para uma "bença" especial, para as comunidades de Anhaia e Morretes.
Sairemos as 6 horas da manhã em uma santa caravana, levando a unção do óleo shimano de corrente, para aquelas comunidades. 
A chuva é a única certeza!
Após a descida parcial da BR 277 e o atalho da íngreme Estrada do Anhaia, onde descer sem as mãos nos freios é pedir para analisar o leito da estrada beeem de perto, estaremos fazendo uma pausa de 15 minutos na cidade de Morretes e a seguir começaremos a longa e torturante subida da Graciosa.
Tenho certeza que vai chover o dia todo!
Escalada a Graciosa, você deve estar pensando, ufa acabou! Na-na-ni-na-na! E a Trilha do Alemão? 
Wie getz mit wundebar, auf rolmops! Capicce?
Vencida a germânica trilha, acabou? Na-na-ni-na-na! Tem mais!
A velha estrada do Imperador, ou a Graciosa antiga, com suas "maravilhosas" subidas está no cardápio!
Coisa pra macho! Eu hein?
Mas, é o seguinte: Tô achando que vamos pedalar na chuva, olha lá!
Previsão de chegada matemáticamente calculada pelo P. Pegorini - exatamente às 19:50, para o Missionário P. Pegorini, 19h52, para o Bispo M. Valério e 19h55, para o Missionário R. Coelho.
Estaremos com a alma, o corpo, o cabelo, as roupas, as bicicletas, além é claro dos documentos e celulares, lavados pelo prazer de completar o desafio e pela chuva.
Por falar nisso, ví a previsão do tempo para amanhã e parece que vai chover o dia todo ao longo dos longos 137 km da aventura.
Coisa pra macho (molhado).


Boa noite!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Lembra?

Você se lembra?
De quando olhávamos as estrelas?
De que existiam vaga-lumes?
De como os sapos cantavam na lagoa?
Dos galos que cantavam de madrugada?
Da chuva fazendo barulho nos galhos de árvore?
Do silêncio na madrugada?
De como se fazia pipa?
De quando os meninos brincavam de empinar pipas?
De quando balões não provocavam incêndios?
De como era gostoso sentar com os pés no rio?
Do cheiro do mato depois da chuva?
Do sabiá cantando de madrugada?
De ouvir de madrugada alguém passando na rua com o rádio ligado?
Da marmita no bagageiro da bicicleta?
De brincar de cabra cega?
De tomar refrigerante só no domingo?
De procurar o ninho do coelhinho na Páscoa?
Do futebolzinho de calçada 5 vira 10 termina?
Do pão quentinho de manhã cedo na padaria?
De como era legal fazer carrinho de rolamento?
Do jeito que a manteiga derretia no pão quentinho?
Do cheiro gostoso do café na cozinha cedinho?
De estar desconfiado que Papai Noel não existia? 
Da primeira bicicleta?
De espreguiçar na rede, enquanto a chuva cai?
De chorar de vez em quando e não ter vergonha disso?
De brincar de "31"?
De abraçar um amigo e emocionado dizer para ele "você é grande cara!"
De quando você saia da sua casa à noite para bater papo com seu vizinho?
De como era bom comer bolo de festa de igreja?
De quando ir ao cinema era um evento?
De como era que se jogava bolinha de gude?
De esperar o domingo para comer frango com macarronada?
De como era bom ir em aniversário de primo?
De brincar de lenço atrás?
De como ficar adulto logo era importante?
De ver meninas brincando de boneca?
Do barulhinho da bolinha de ping pong?
De ouvir musica caipira em rádio AM?
Da tremedeira nas pernas quando dançou junto a primeira vez?
Do churrasco gostoso feito pelo pai?
Da maionese deliciosa da mãe?
De como seu irmão lhe enchia o saco e você o amava igual?


O que você está fazendo da sua vida?


Boa noite!
(desculpe, eu tinha que te dizer isso...)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Um médico!

Existem pessoas de todos os tipos que cruzam nossos caminhos todos os dias. Desses que me passam pela vida, alguns poucos separo de lado e os coloco juntos, em uma classe especial de pessoas, que respeito e considero muito. 
Ele está entre esses, certamente!
Apesar de sua grande capacidade, de sua profundidade e domínio em sua profissão, considerado e respeitado, não perde nunca sua simplicidade e carinho comigo.
Quando nos encontramos, vejo a sua preocupação comigo, estampada no seu rosto. Pergunta sempre como estou me alimentando e como vai a vida. E o faz com sinceridade, nunca pela obrigação de fazê-lo.
Um grande cara! Um cara que de certa forma, me devolveu a fé. Me fez acreditar, sempre.
Passamos por muitos momentos da minha vida juntos. Momentos de dor e momentos de alegria.

Quando ouço - Roberto você é um exemplo, pedalando tanto assim, é ele que me vem à cabeça, com seu sorriso brando e seu jeito calmo de me ouvir, olhando para mim e escrevendo no laptop, sem olhar para o teclado. Gostaria de ler um dia, o que tanto escreve, e se escreve certo (rsrs).
Uma ocasião, o encontrei com os filhos, de bermudão no Shopping Muller. Eu estava todo torto, com o braço quebrado, o rosto todo inchado e ainda com os hematomas de uma queda sofrida conduzindo o Bike Night. Tinha recebido alta do hospital, algumas horas antes. 
Ele parou, olhou para mim e perguntou:
- O que houve?
Eu lhe contei sobre a queda sofrida e ele arrematou: 
- Mas você não pretende parar de pedalar por isso, né?
Qualquer outro teria me censurado pela queda e pela teimosia de pedalar com parkinson.
De quem falo?
Falo de bem mais que um pai, falo de bem mais que um irmão, bem mais do que um anjo da guarda...
Falo do meu querido Paulo Jacques Monteiro Leite, uma grande pessoa em primeiro lugar, um grande neurologista, um grande amigo. Doutor de simplicidade, Doutor de humildade e Doutor de capacidade.
Simplesmente Paulo para mim...


Deus sempre o abençoe...

Bom fim de semana!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Viver

Algumas pessoas me dizem:
Roberto, você é um exemplo de determinação.
Tá. Me sinto lisonjeado, mas freqüentemente outra questão me vem à cabeça - E eu tenho outra escolha?
Aparentemente, eu disse a-p-a-r-e-n-t-e-m-e-n-t-e, não pedimos para nascer, mas uma vez nascidos, temos que dar conta do recado.
Qual é o sentido de acreditar que essa é uma existência unica? Nascemos, morremos e vamos para o "céu". Essa baboseira, faz muito tempo que eu não "engolo", como diria o saudoso cacique Juruna. Que Tupã guarde sua alma!
Acredito sim, numa longa e penosa jornada de aprendizado. Dura, desanimadora, injusta às vezes e "aparentemente" inglória.
Continuo assim mesmo, espanholamente teimoso como sou, acreditando que existe um único sentido nisso tudo - A Evolução!
Sou determinado, porque aprendi com certa facilidade a ser assim, porque determinação está em mim, quer eu queira ou não. Todos nós temos esses "quer queira ou não". São brindes, coisas gratuitas, cedidas generosamente pela Grande Força Organizadora de todos os universos, para tornar nossa jornada mais fácil, ou um pouquinho menos dolorosa, desde que saibamos usá-la.
Descubra qual é esse presentinho que o Universo lhe deu. Lógico que você deve ter algo assim, não que seja necessariamente determinação.
Tá, tá, tá... E dai?
Dai que quando você descobre isso, essa coisa fica tão grande que não dá para guardar dentro de você. Por exemplo, se eu fosse um cara como Hitler, em vez de ficar matando judeus, iria matar os carros, os ônibus os caminhões e OBRIGAR o uso da bicicleta. Sim senhor, iria obrigar. Radical mesmo. Utópico? Absolutamente! Que seria de nós se não sonhássemos? Pararíamos de evoluir...
O que aconteceria? A belíssima frase do grande ciclista Antonio Olinto, pelo qual tenho imenso respeito, seria matemáticamente comprovavel. 
Qual é a frase?
"Só tem a real dimensão do tempo, aquele que segue a pé, no máximo de bicicleta. O resto, é pressa."
Não é profundamente utópico e poético?
Voltando ao ser um exemplo de determinação... Não sei se sou exemplo, mas certamente sou determinado.
A determinação me trouxe a quase 31 anos de diagnóstico de parkinson. A mesma determinação que me levou a pedalar de Curitiba a Porto Alegre, para mostrar às pessoas, que é possível sim.
Nâo sou um super herói, sou apenas um aprendiz da vida que não tem escolha. Ser determinado, ou morrer.
Sou muito covarde para morrer!


Boa noite e bom findi!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"O Salomão" invade o blog

"O Salomão" é um outro blog meu, cuja particularidade é lembrar histórias e personagens do bairro onde vivi boa parte da minha vida - Água Verde.
Outro particular de "O Salomão" é que o blog tem apenas um post e apenas um seguidor, que inclusive não sou eu (rsrs).
Na tentativa de manter o recorde histórico de 1 post e 1 seguidor, invado o parkinsonlimonada, com "O Salomão", para contar coisas que me vieram à lembrança nos últimos dias. Então, com a sua licença...
Na rua onde morava no tempo de infância, não tinha asfalto nem supermercado, mas tinha duas "vendas" de secos e molhados. A do seo Albino e a do seo Lima.
O Albino, com sua venda mais modesta e o indefectível tamanco no pé e a boina azul na cabeça careca, era a minha preferida. Não pela modéstia, mas porque no Albino, eu podia... digamos assim... subtrair doces da cristaleira de vidro, providencialmente transformada em expositor de doces.
Quando o pedido era de arroz ou feijão então ficava ainda mais fácil, porque os sacos de arroz e feijão ficavam dentro da casa dele. Imagino que a casa foi adaptada, para transformar a sala de estar em armazém. 
Ele saía da sala adaptada, com os tamancos fazendo plect, plect e quando o plect, plect parava, era a hora do crime. Crime do qual falo com tranquilidade, pois todos os que cometi lá no seo Albino, foram devidamente confessados ao padre Chico, nas confissões aos sábados à tarde e mediante a oração de alguns Pais-Nossos e algumas Aves-Marias, prontamente perdoados. Era algo assim como "zerar o saldo devedor". Uma maravilha!
O Lima por sua vez, era uma espécie de sub-super mercado, muito mais difícil de acessar. Além do mais, o Lima tinha uma verruga preta no nariz, o que o tornava repugnante.
Essa explicação foi necessária para contar sobre o dia de fúria do seo Albino, quando eu, no pleno exercício de minhas funções subtraentes, com meu saldo devedor zerado pela confissão do sábado anterior, fui flagrado pelo seo Albino, tentando subtrair um doce de abóbora, daqueles de coração.
O safado fez o plect plect, mas parou atrás da porta e ficou me "frestando"...
Quando eu estava com o doce, a meio caminho do meu bolso, ele gritou:
- Ladrãozinho!
Meu Deus! Eu estava com saldo zero! E o velho continuou:
- Vou falar para o seu pai. Vou chamar ele aqui e fazer ele pagar o doce!
Caraca! Pedi desculpas na hora e disse que foi o diabo que me tentou e me fez pegar o doce!
O velho deve ter dado boas risadas daquilo.
Epílogo:
Paguei aquele doce com jornais velhos, muito úteis para embrulhar as alpargatas roda, ou algum fumo de corda que ele vendia. 
Dai para a frente ele se tornou meu melhor "freguês" de jornal velho e eu o seu melhor "freguês" de doces.
Seo Albinoooo! Onde quer que o senhor esteja, muito obrigado por aquele dia e muito obrigado por ter passado pela minha vida!


Boa tarde

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Zen e a melhor maneira de ter uma boa bicicleta

Estou reescrevendo nesse post um artigo meu publicado há alguns anos atrás no site da Rotaventura. Esse artigo trata do conhecimento "vivenciado" de cada peça que compõe a bicicleta e a melhor forma de comprá-la sem endividar-se.
Você está tentado a comprar uma bicicleta, mas não sabe o que fazer exatamente. Afinal as marcas são muitas e bonitas todas são quando novas.
Muito bem. Primeiramente visite lojas de bicicletas, sem pressa... Sem atropelos. Procure usar um tempo disponível, para que você não tenha que se apressar com outros compromissos.
1º passo:
Procure falar com o proprietário da loja, ou com o gerente. Essa é uma prova de confiança no lojista.
Peça a ele uma lista de peças que compõe uma bicicleta. Todas as peças! Se ele não quiser fornecer a lista, ou se você sentir que ele está lhe enrolando, siga para a próxima loja. Um verdadeiro amante do ciclismo, mesmo sendo capitalista, certamente lhe fornecerá a lista.
2º passo:
Conheça as peças que vai comprar. Eu explico. Com a lista, você irá conhecer a intimidade da sua bike. Por exemplo, existe um item chamado "cubo", do qual você nunca ouviu falar. Pois vá até a loja e peça um cubo, ou um par de cubos. De cara você vai descobrir que cubos de bicicleta, são cilíndricos! Sim senhor, cilíndricos! Conhecer as peças e onde são colocadas, por incrível que pareça, é um bom exercício para você "entender melhor" como funciona a sua nova bike.
3º passo:
Reserve em seu orçamento mensal, uma parte do que sobra para ir comprando as peças, de acordo com sua disponibilidade. Desta forma, você sai fora de financiamentos que acabam aumentando o preço final de sua bike.
4º passo:
A montagem final de todas as peças, poderá ser assistida por você, se o lojista for paciente e realmente interessado. Reserve um tempo para isso. Um sábado ou em um dia qualquer de suas férias. Você poderá testemunhar como essa maravilhosa combinação de peças frias irá lhe proporcionar tanta saúde e prazer, uma vez juntas.
5º passo:
Desfrute ao máximo sua nova aquisição. Pedale como eu e faça novos amigos. Mesmo que você receba um diagnóstico de Doença de Parkinson, poderá tentar bater meu recorde de distância percorrida após 30 anos de diagnóstico da doença... Tá desafiado! rsrs
Seguindo essas instruções você, além do mais, estará exercitando sua paciência, o que é uma virtude indispensável nos nossos dias.


Namastê!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Parkinson e pressa...

Boa noite!


Estive refletindo sobre um assunto que me chamou a atenção - "parkinson x ansiedade x hiperatividade".
Partindo do princípio que o corpo envia mensagens ao cérebro e essas mensagens são interpretadas ou não, de acordo com a nossa "conveniência", podemos pensar que quando o corpo nos fala que estamos hiperativos, ou em estado de grande ansiedade e não ouvimos, ou não queremos ouvir, ou perceber, existe uma grande possibilidade de desenvolvermos sintomas de parkinson.
Um dos sintomas da doença é a lentidão de movimentos - uma resposta óbvia dada pelo corpo, quando não queremos, ou não podemos ouvir esses recados.
Essas reflexões me vieram à mente hoje, um domingo chuvoso, com absolutamente nada para fazer e muito para pensar.
Foi nesse clima de "dolce far niente" que estendi a rede na varanda e me dei conta do quanto é bom ficar relaxado e não fazer nada a não ser dormir ouvindo o barulho gostoso da chuva. Uma delícia... Durante o dia todo repeti a dose umas 3 vezes.
Conversando com a Lenice, minha querida companheira, ontem, falávamos sobre isso.  Ela me falava da minha falta de contato com a natureza. Santa Lenice!
Essas coisas do dia-a-dia ficam fermentando minha idéias... De repente a coisa toda vem em uma enxurrada de idéias. Aí não dá para não escrever.
Deitado naquela rede, dormindo e acordando, balançando e pensando, me dei conta de que há muitos anos já não me permitia fazer isso. Santa Lenice!
Deixo a você essas impressões para refletir sobre a importância de parar, ou diminuir seu ritmo, se permitir e perceber a delicada linguagem do corpo, antes que ele, rouco de tanto gritar, pare você.


Bom resto de domingo e ótima semana.