terça-feira, 5 de outubro de 2010

CONTINUAÇÃO...

Pois é, dois dias para sair e o tal mala do Xani ainda não tinha conseguido a tal bicicleta da prima "para não me deixar na mão".
Estava começando a me animar e pensar que faria a viagem só, alías como deveria ter sido.
Porém... Sempre existe um porém...
Telefone tocou e um frio percorreu minha espinha... Já sabe não é? Xani!
- Oi amigão! Resolvi meu problema de bicicleta para não deixá-lo só na estrada! Disse a mala. Desanimado de novo, disparei:
- Ah é?
- Sim, sim! Vou com a Caloi dobravel do seu irmão! (ai, ai, ai...)
Quem é mais novo e não se lembra das Caloi dobráveis, aliás um enorme sucesso de vendas no ramo de bicicletas, não pode imaginar o que é uma dessas. Eu explico melhor.
A Caloi Berlineta, era um modelo de bicicleta dobrável, através de um parafuso no centro do quadro. Era uma  bicicleta de lazer, para crianças brincarem pedalando distâncias realmente curtas. Seus aros 20', não permitiam pedalar distâncias maiores sem muito sacrifício. Além disso, a Berlineta do meu irmão erra inspirada na moto de Peter Fonda no filme "Easy Rider". Era uma chopper, com o garfo de aro 26' e ainda por cima alongado.
O Xani sentado naquela bicicletinha com seus 1,90m de altura, parecia o que... Parecia mesmo o Xani sentado na bicicletinha... Alguma coisa sem comparação, sem descrição... Mas muito gozado mesmo!
Não tive como negar, mas devia ter negado!
Chegou o grande dia. Meus pais estavam na praia, onde passavam o verão todo. Era começo de dezembro, e a molecada da vizinhança já tinha se mudado lá para casa, como acontecia todo final de ano.
A casa se transformava assim em uma espécie de paraíso juvenil, onde quase tudo era  permitido. Não tinhamos os olhos do "Seo Coelho" para nos recriminar.
Turma toda reunida para o bota fora, na frente de casa. Conferi meus apetrechos de viagem... Tudo em ordem! O 3 em 1 continuava firme no guidão... Achei que era suficiente e fomos...
Saimos lentamente. E não tinha outro jeito, com aquele pequeno coquetel molotof que o Xani pedalava.
A primeira impressão de que o meu planejamento tinha sido "ligeiramente" mal feito, veio quando a partir de Piraquara, a pouco mais de 20 quilômetros de Curitiba , o 3 em 1 já não pegava rádio nenhuma e mais, a lanterna já não funcionava tão bem como devia. O rádio ligado tinha sugado as pilhas, de forma que a lampada, mais parecia um pitanga dentro da lanterna...
E a bandida da Serra do Mar? Onde está essa bandida que não chega nunca?
Quase 4 da manhã e nada de chegar na serra. A minha bicicleta rendia bem, mas tinha a obrigação de esperar a mala, que quase não saía do lugar, com aquela bombinha de duas rodas.
Finalmente a serra, a tão aguardada serra! Um poquinho atrasados, é verdade, mas dadas as condições da viagem, até que estava razoável. Eram 7 da manhã quando avistamos a descida da serra. Tinhamos feito a vertiginosa média horária de 7 quilômetros por hora até então. Francamente!
Foi então que percebemos os danos causados aos aros da bicicleta do meu irmão, quando ela foi uma moto de motocross, antes de virar choper. A danada pulava mais que pulga em lombo de guapeca. Impossivel imprimir velocidade, mesmo na descida da serra, onde nem pedalar é preciso.
Cansei! Me deu no saco aquilo. Parti em grande estilo rumo ao final da descida. Aquilo sim era bicicleta! Imagine só, 5 marchas, era o máximo!
Cheguei la embaixo próximo das 8 horas e comecei a esperar o baú sem alças.
Foi rápido! As 10 horas vi aquela coisa emburrada se aproximando. Pensei comigo, %$@#@##$%¨, ainda por cima emburrado.
A coisa chegou a um ponto que não nos falávamos mais...
Entramos na estrada das praias e arrisquei:
- Será que não é melhor irmos pela areia?
Ele fez que sim com a cabeça, já que seu "bico" era enorme. Andamos um pouco e vimos que não tinha sido uma boa idéia. Aí veio a bomba!

"PORRA COELHO VIADO!!! VOCÊ ME PÕE EM CADA UMA QUE VOU TE CONTAR HEIM?"

Euuuuuuuuuuuuuuuuuuu??????????????????? Aquilo tinha ido longe demais...
Parei a bicicleta, larguei ela no chão e descasquei o Xani, falei o que ele nunca pensou ouvir na vida.
Assim seguimos os dois bicudos até qeu finalmente as 15h30 chegamos em Guaratuba. Fantástica média horária!
Para completar, a empresa de ônibus não aceitava bicicletasno bagageiro. O que fazer?
O Xani falou:
Vou te tirar dessa, apesar da sacanagem que você me fez! (???????????????)
Meu tio é bombeiro voluntário aqui em Guaratuba, vou pedir para ele despachar as bikes no caminhão do Corpo de Bombeiros de Curitiba que sobe toda segundad-feira, daí é só ir lá buscar. Sim, claro!
Para encurtar a história, as bicicletas chegaram no final de março, no fim da temporada de verão. Enferrujadas!
Obrigado Xani, amigão!

3 comentários:

  1. Que bela viagem heim...rsrs... Você deveria escrever um livro. Me prendo em suas histórias. Boas pedaladas amigo, abraços!

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  2. Amigo n entendo pk meu comentário não ficou por aqui!!
    Adorei ler tudo o que você escreveu!! Força, este é o Robertão!!
    Beijos e continua sempre!!!

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